Curiosidades
FIOS, TECELAGEM, GRAMATURAS E TINGIMENTO DO DENIM
Logo que o jeans começou a ser utilizado, as calças eram feitas com lona de barraca e não havia muita variedade de modelos. Apesar de resistentes, não havia preocupação com o estilo, além de ser duros demais e sem conforto. Assim sendo, Strauss, preocupado com a clientela, pesquisou e encontrou um tecido melhor. Esse novo tecido era, agora, produzido com algodão, tendo aspecto próximo de sarja ou estopa bem trançada, mais resistente e, também, mais flexível.

De um modo geral, o denim resulta de uma trama branca e de um urdimento tinto.
Originalmente, o denim era feito somente de algodão. Posteriormente, passou-se a fabricar o mesmo tecido também com uma mistura de algodão/poliéster. Sabe-se, entretanto, que o poliéster utilizado no urdume é de mais difícil tingimento do que quando o urdume é 100% algodão. No processamento do Denim, observam-se diversos problemas ao longo dos setores de engomagem, tecelagem e acabamento; tais como o aparecimento de listras, marcas, desvios de tonalidade e encolhimento desigual.

Assim, tem-se que com os fios do urdume devidamente tingidos e enrolados em imensas bobinas, chegando ao setor de tecelagem. É no tear que os fios de urdume são encaixados com os fios da trama, e formam o tecido – ainda cru, sem acabamento nem lavagem. No setor de acabamento o jeans é escovado, aspirado e até chamuscado (para eliminar a penugem industrial que se deposita no jeans antes dele ser acabado. Em seguida, o tecido recebe uma lavagem de amaciamento e, depois, é pré-encolhido. Devidamente seco, o jeans é, então, “fraldado”: para manter o pré-encolhimento, ele irá repousar em pilhas que vão de 1.800 a 2.200 metros. Só então o tecido é encaminhado para o setor de revisão. Após revisado pelo controle de qualidade, o tecido é pesado, etiquetado e finalmente embalado.

Ao despontar como negócio cíclico, a produção de denim depende muito das mudanças na indústria da moda. Mesmo com numerosas opções que existem hoje, a grande maioria dos tecidos jeans ainda é tingida com índigo, seja na forma de corda ou como fio de urdume em unidades contínuas de tingimento e engomagem de índigo.

Para se produzir o denim, é requerida uma série completa de passos de processamentos; como primeiro aspecto, o algodão limpo e pré-tratado é torcido para produzir os tipos requeridos de fio, que são tingidos em um processo contínuo, em vários ciclos, por meio de um equipamento especial de tingimento de índigo. Na mesma unidade fabril, o processo seguinte é engomar o fio com amido e em alguns casos com acrilatos, proporcionando ao fio tingido uma estabilidade mecânica. Isto garante que possa resistir a cisalhamento e esforços nos seguintes processos de tecelagem sem excessiva ruptura de fios.

Cada tipo de processo usado na tecelagem dos fios de denim é o que determina a aparência característica do material. A parte interna possui uma cor clara, a parte externa é azul. Essas características ocorrem porque os fios da trama e os fios do urdume são tingidos juntamente. Depois o tecido é estabilizado dimencionalmente mediante sanforização, um tratamento térmico especial em tambores de aço. A próxima etapa do processamento é a montagem, onde o denim é confeccionado; após, o chamado “jeans book” é obtido por intermédio da lavagem stone washing (com pedra pomes) ou um tratamento em especifico, chamado de biopolimento.

Os tecidos Denim são produzidos em largura do pente de 160 e 167 centímetros, correspondendo a um tecido acabado de 150 a 156 centímetros. Podem, também, ser produzidos em máquinas de 330, 360 ou 390 centímetros, as quais permitem tecer simultaneamente várias larguras de tecidos, aumentando a rentabilidade. O clássico Denim de 14 ½ onças é produzido com algodão: Ne 6 (100 tex), no urdume e trama, com 24,6 fios/cm, no urdume e 16,5 fios/cm, na trama.

A produção do urdimento do denim pode seguir duas linhas fundamentais: segundo o sistema “ball warp”, denominado também rope dyeing, que é um método clássico e utiliza 350 a 400 fios, enrolados na urdideira em forma de corda, que são submetidos à engomagem e então, enrolados na sua forma definitiva de rolo de urdume. Ou então, o método “slasher dyeing”, um urdimento aberto, contendo de 350 a 400 fios e largura de 140 a 180 centímetros; recebendo, por fim, um banho de goma e novamente são secados, sendo então enrolados em sua forma definitiva.

A indústria têxtil usa medidas internacionais para regulamentar o peso do jeans, que é mensurado em onça por jarda quadrada. A onça, medida inglesa próxima de vinte e oito gramas é representada pelas letras “OZ”, também pode ser entendida como espessura do fio, demarcada do urdume em sentido à trama, determinando assim, a gramatura do tecido. Já a jarda, que mede aproximadamente noventa e um centímetros, é representada pela letra “Y”. Assim, quanto maior o número de onças, mais pesado é o tecido.

Para o tecido denim existem praticamente inúmeras densidades, bem como variações de títulos com resultados similares. Desta forma, a construção destes se dá através da utilização de urdumes diferenciados, fibras diversas, classificação de classes de corantes, variações do passamento das camadas na máquina de índigo, enfim, não há limite para tecidos denim, basta criar para inovar.

A seguir, uma tabela com as principais estruturas de denim, sendo estas, também, as mais utilizadas:

 PRINCIPAIS ESTRUTURAS DE DENIM

OZ/YD2

U x T (em 1”)

Títulos U x T (Ne)

Armação

5,5

82x50

20x20

Sarja 2 x 1

6,5

76x49

16x16

Sarja 2 x 1

7,0

75x57

16x16

Sarja 2 x 1

8,0

76x45

16x9

Sarja 2 x 1

8,2

76x42

12x12

Sarja 2 x 1

10,0

69x37

9x9

Sarja 2 x 1

10,0

70x42

9x9

Sarja 3 x 1

11,5

69x51

9x9

Sarja 3 x 1

12,0

67x41

6,5x9

Sarja 3 x 1

13,75

67x41

6,5x6,5

Sarja 3 x 1

14,5

67x47

6,5x6,5

Sarja 3 x 1


Assim argumenta Catoira (2006, p. 93):
“Ao longo da história da indústria têxtil, o índigo denin caracterizou-se pelo tecido de maior produção e popularidade durante um período de tempo bem maior do que qualquer outro item da área de vestimentas. Do mesmo modo, o corante índigo é mais fabricado do que qualquer outro corante, demonstrando a força mercadológica do blue jeans. A justificativa, de fácil lavagem, ter caráter utilitário e ser um nivelador social.”

O índigo pode ser classificado como corante devido ao fato de que, sob circunstâncias corretas, pode ser dissolvido, produzindo soluções de moléculas ou íons individuais, transportado para a superfície da fibra e absorvido para difundir para seu interior; que se consegue através da redução em meio alcalino, com hidrossulfito de sódio e soda cáustica. Assim, sua cor também muda, passando de azul (forma original insolúvel) para amarelo (leucoderivado solúvel).

O tingimento de tecidos de algodão com Índigo é muito comum na Europa, África e Ásia para obtenção de fundos sobre os quais serão estampados pigmentos ou para estampas por corrosão. O processo consiste numa impregnação de tecidos de algodão, previamente cozidos e alvejados, em “foulard” com o índigo na forma reduzida, seguida por uma oxidação por passagem aérea. O tecido é, então, enrolado e molhado e posteriormente passado duas vezes num foulard contendo o mesmo banho índigo, reforçado com soda e hidrossulfito, para depois ser lavado em aberto.

Já o tingimento, de um modo geral, é o estágio menos problemático de todo o processamento. Nesta fase a dificuldade reside no fato de que o Índigo não é o mais indicado para o algodão, pois ele não tem um comportamento similar aos outros corantes à cuba, resultando em pouca afinidade por essa fibra natural. Outra característica do Índigo é sua solidez. Ele tem baixa solidez à lavagem e ao atrito e empalidece diante do ozônio, em especial quando se aplica ao mesmo um acabamento de areia.

Assim, tem-se o caminho percorrido até chegar no efeito final, dentro da lavanderia:

•  Cultivo do algodão
•  Safra do algodão
•  Preparação do algodão
•  Lavagem do algodão
•  Fiação
•  Pré-tratamento
•  Tingimento
•  Engomagem
•  Tecelagem
•  Sanforização
•  Confecção
•  Lavagem / acabamento / biopolimento / efeitos especiais.

Quanto à engomagem pode-se afirmar que é uma técnica comumente usada para assegurar maior resistência ao fio. Tal processo dá-se a partir da aplicação de uma solução colante natural ou mesmo sintética e é feita, em geral, na fabricação de tecidos cujos fios são singelos. Durante o processo da engomagem, seus agentes e as graxas têxteis são acrescentados ao fio de forma que se evite rupturas no processo da tecelagem, obtendo como resultado alta eficácia na própria tecelagem e, consequentemente, alto padrão de qualidade.

A receita de engomagem a ser utilizada é de suma importância, uma vez que esta será a responsável por agregar ao tecido em questão máxima performance da tecelagem, ou seja, nenhum efeito prejudicial ao urdume já tingido. A goma pode ser responsável, também, para dar um tato macio ao tecido, além de fortalecê-lo e adicionar peso ao mesmo.

A seguir, uma imagem de uma máquina de engomagem ou comumente conhecida como engomadeira para todo e qualquer fio de fibra cortada (algodão, viscose, rami, linho, fibras sintéticas de poliéster, fios técnicos, mesclas de fios, etc.):



 
 
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